ALAMBERGUES ALMEIDA SOUZA
( Mundo Novo – Bahia – Brasil )
BRASIL LITERÁRIO. Coordenação Editorial: Maria Almeida. Capa: Maria Bastos. Rio de Janeiro: Crisalis Editora, 1985. 103 p.
13 x 20 cm
Cultural, 2014. s. p. Edição espiralada. ISBN 978-85-63464-11-8
Ex. bibl. Antonio Miranda. Doação do livreiro Jose Jorge Leite de Brito, em 2021.
INQUISIÇÃO À QUIETUDE
A quietude me incomoda.
Uma insondável acusação nela mora.
Um choro de criança ao longe.
Mão e pai ao longe.
A infância ao longe.
Ao longe, o tudo e o nada.
Ao longe, recolho-me solitário e despido,
E a perseguição incansável da quietude...
Que te devo? Que te fiz?
Que mal contra ti arquitetei?
As casas dormem honradas.
Os homens honrados roncam
e o vigilante se esconde naquela esquina
e a quietude protesta
e eu sinto o mistério do infinito
no mistério profundo da quietude
que é o último convite
que abranda e perpetua.
AS MELHORES POESIAS DO 1º. CONCURSO ONESTALDO PENNAFORT. Prefácio de Eliezer Bezerra. Brasília, DF: FEBAB, 1984. 89 p, 15 x 21 cm. No. 10 189
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo
(livreiro) Brito, em outubro de 2024.
MENÇÃO HONROSA:
PARADOXO
Não temo o túmulo
que virá reduzir-me ao meramente óbvio,
ao anonimato absoluto,
aos inexoráveis limites da ausência eterna.
Temo a vida que vegeta no relativo
com seus parâmetros inflexíveis e seus poderes
irreversíveis,
com suas definições e suas interrogações,
com seus elos e seus litígios,
com suas igrejas e seus bordéis,
com seus mendigos e seus tubarões.
Inerte diante da vida,
debruçado no cansaço de quem nada mais quer,
observo indiferente tudo que se move,
inquieto-me
e penso no gerúndio “morrendo”,
que é o único atalho da vida,
neste momento,
que me fascina e seduz.
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Página ampliada e republicada em novembro de 2024
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Página publicada em julho de 2021 |